segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Trechos do Livro: Meus olhos... Minha vida... Meu amigo.










“Alegra-te, jovem, em tua juventude.”

                          Eclesiastes 11-9-10

Prefácio 
Quase sempre todas as tardes, eu sempre estava no conjunto nacional em plena Avenida Paulista, permanecia em uma livraria por um período de 4 horas, o suficiente para apreciar alguns livros embora poucas vezes adquiria algum exemplar, e o mais estranho é que quase não folheava e nem tão pouco olhava para algum livro.
Precisava sentir aquilo, em que sempre sonhei ser em minha vida, precisava respirar o ar puro da literatura. Simplesmente ficava observando as pessoas escolherem seus livros, ouvia seus comentários, alguns diziam; “Você já leu este livro é simplesmente maravilhoso”
Então pensava comigo mesmo, quando alguém ira olhar para o meu livro exposto numa livraria é ira dizer “Este livro é maravilhoso”, tudo parecia um sonho em minha vida, aqueles pequenos, mas preciosos momentos tornavam-se muito importante.
Certa noite eu tinha a companhia de uma amiga em um restaurante na Cidade do Embu das Artes aproximadamente quarenta minutos da capital, era uma noite chuvosa, o restaurante não era tão atrativo, porém faziam certo tempo em que não nos víamos, ela me fez uma pergunta “o que eu fizera da minha vida recentemente”, sem  pestanejar respondi de imediato “Estou escrevendo um livro” seus olhos brilharam como se fosse de cristal então ela quis sabe do que realmente eu estava escrevendo contei-lhe sobre: “Meus olhos, Minha vida, Meu amigo”.  E sobre a historia de Norman Briston é a sua busca em torno da liberdade e do perdão, porém mais surpreso eu fiquei com a sua reação final, ela simplesmente estava encantada com toda minha historia sua boca formava um formato de um O.
 “Acho que será um bom livro, uma linda historia” disse ela, eu concordei também expressando um largo sorriso no rosto, daquele momento em diante senti que o meu sonho poderia se tornar realidade e que a minha historia não era uma simples historia, mas sim uma historia que valeria a pena ser contada, então passei a conviver mais intensamente a vida de um personagem imaginário apenas em minha mente.
Tentei passar nesta historia a importância de perdoamos sempre que possível os erros, nunca saberemos ao certo quantas vezes teremos que errar para aprendermos a viver corretamente, muitas vezes nossos erros tornam-se derrotas e apenas os derrotados sabem encontrar o caminho para vitoria, a busca incessante para corrigimos algo nós tornam vulneráveis, adoro ler biografias e uma que me chamou atenção foi do líder negro Martin Luther King não só pelo seu discurso triunfal “Eu tenho um sonho”, mas pela seguinte frase: 


“Eu prefiro sair na chuva e me molhar, do que ficar em casa e ver a chuva passar”  
Dedicatória
Este livro é dedicado a estas grandes mulheres que ao longo desta historia estiveram presente em meu coração:
Michelly Cristina Nascimento Correia
Silvânia Fernanda dos Santos
Sueli Tamiko Nabeshima
Paola Nabeshima Madalone
Elizabete Aparecida do Nascimento

A história da mulher é a historia da pior tirania que o mundo conheceu: a tirania do mais fraco sobre o mais forte “Oscar Wilder”




Iniciando uma historia,
Reflexão de Norman

Era uma manhã ensolarada, aproximadamente uns trintas graus o sol escaldante penetrava na pele das pessoas logo ao amanhecer, assim eram todas as manhãs no verão, pessoas caminhando na calçada, o vento forte que soprava em sentido ao norte refrescavam a temperatura irradiante.
As ruas eram repletas de pequenas praças, casais de namorados caminhando lado a lado.
Era no ambiente totalmente romântico que se encontrava Norman sentado no banco da praça, ele calçava um sapato marrom e vestia uma calça de cor bege e camisa branca de manga longa, estava bem alinhado, sem sombra de duvidas, talvez tenha tido uma ajuda de um toque feminino, pois ele não parecia ser o tipo do homem que se preocupasse com as tendências da moda, em sua mão estava em buquê de rosas vermelhas.
As rosas vermelhas são as flores da deusa Ísis, representante do amor, paixão e as virtudes subseqüentes que fazem realçar um elo verdadeiro entre dois amantes em busca de uma paixão. As rosas eram para serem entreguem a uma pessoa muito especial, alguém que ele não via há anos e que deixara muitas saudades.
Passavam-se das nove horas da manhã, Norman estava apreensivo constantemente caminhando sem direção alguma, era extremamente compreensível toda sua inquietude, ele esperava por este momento por vários anos de sua vida.
Normam caminha discretamente até o final da praça, todos que passavam em sua volta observavam seu nervosismo, até porque qualquer pessoa em especial uma mulher que aproximasse dele com um tom de pele próxima a sua poderia ser quem ele estava esperando, retornou para o banco onde estava antes, tirou de seu bolso um lenço branco e procurou enxugar o suor que escorria em sua testa, agora às lembranças flutuavam em sua mente.


- Norman! Norman! - Gritava sua mãe

Uma senhora de meia idade pele escura, de cabelos longos pretos que escorriam até a altura do quadril, e naquele momento lavava roupas nos fundos da casa, procurava pelo filho, afinal Normam sempre fora um menino ativo e que quase nunca parava em casa, isso deixava sua mãe desesperada, ela passa as mãos pela cabeça empurrando de leve a touca que prendia seus cabelos presos delicadamente.

- Sim... Mãe eu estou aqui - Respondeu Norman correndo sem parar.
- Mas que diabo você estava fazendo? - Questionou sua mãe enfurecida.
- Norman! Onde você estava? Perguntou desesperadamente seu pai em busca de sua atenção
- Estou aqui pai! Estou brincando com o John, Mike e Bill Respondeu Norman cabisbaixo com as mãos entrelaçadas e aspectos de choro e pés descalço

- Eu já avisei a você que pela manhã não e hora de brincar Norman... Seu pai precisa da sua ajuda, você tem que ajudá-lo a dar comida os porcos... Primeiro a obrigação depois à diversão. 
- Norman! Norman! - De longe gritava seu pai, enquanto corria atrás dos porcos, um senhor franzino de altura mediana e de pele queimada pelo sol.

O inicio de uma juventude;
A descoberta do amor

Com o passar do tempo me tornei um adolescente, na juventude as brincadeiras no bosque viraram coisa do passado, porém não em minha mente.
Eu ainda guardava as lembranças de um tempo feliz e proveitoso, como todo adolescente agora começava a descobrir obstáculos, metas a serem conquistadas sejam profissionalmente ou mesmo na vida afetiva, precisava viver o presente conquistar novas amizades, conhecer outros lugares. E, sobretudo, descobrir o amor

Afinal quem nunca em toda sua vida não teve uma paixão secreta por uma professora, e a minha paixão, ou melhor, de todos os alunos da escola era a professora de Geografia à senhora Sirlei, eu que não entendia bem de geografia, na verdade eu mal sabia onde ficava o Brasil, mas entendia muito bem sobre anatomia humana.
A senhora Sirlei tinha o quadril mais exuberante da escola ou talvez da cidade, lembro-me que todos os dias sempre antes de iniciar sua aula, eu, Mike e Bill riscávamos a lousa de um extremo ao outro, somente para poder ver o balanço do seu quadril ao tentar limpar tudo, era incrível todos os meninos da sala ficavam com os olhos brilhando suas bocas faziam um formato de um O.
Certa vez o Bill que sempre sentava ao fundo da sala parecia tão concentrado, seus olhos não pestanejavam até que ele virou da cadeira caindo ao chão.
Passaram os anos, até que a senhora Sirlei não foi mais nossa professora de Geografia e nunca mais a vimos novamente, todos nós sentimos muito a sua saída, desde então nunca mais a lousa ficará riscada antes da aula. Mas nada se compara ao verão de 1960 quando eu realmente me tornei um homem de verdade. 

Convivendo com seus;
Próprios erros.

                   
Penitenciária de Beaumont, Texas

Ainda tenho em minhas lembranças a primeira vez que cheguei a Beaumont, estávamos todos assustados não sabíamos o que exatamente nos esperava, até a chegada tivemos que percorrer um trajeto de duas horas, um total de vinte homens, todos de classes sociais diferentes desde um simples trabalhador, até um grande empresário, mas neste exato momento éramos todos iguais, talvez só existam duas maneiras de se igualar os homens:
Quando morremos ou quando estamos encurralados dentro de um sistema penitenciário. Não havia desigualdade social estávamos todos no mesmo barco, chego a pensar que seja a única vantagem que um pobre tem sobre o rico.
Era uma manhã ensolarada o calor estava escaldante, era chegado o momento das apresentações, estávamos prestes a conhecer o diretor do presídio.

O Recomeço. 
A porta da biblioteca estava semi-aberta quando adentrou pela manhã o capitão Kevin a sua presença poderia indicar duas coisas; problemas ou estaria ele precisando de algo. Não era de costume do capitão, entrar na biblioteca principalmente pela manhã.
- Norman! Você está aqui? – Perguntou ele esticando o pescoço entre a porta.
Por alguns segundo Norman encontrava-se na frente do capitão, o que lhe causara surpresa, afinal depois de tantos anos de trabalho na biblioteca, a presença do capitão era algo de muito raro, a não ser por algum motivo de extrema necessidade.
- Norman o diretor precisa falar com você!
- Aconteceu algo que eu não sabia capitão?... Perguntou Norman sem compreender o que realmente o diretor poderia querer com ele naquela manhã.
-  Primeiramente! Acho que você poderia me servir de um café. – Disse Kevin sorridente.
- Sim claro desculpe-me.
Norman virou-se em sentindo contrario ao capitão e caminhou em direção a uma pequena sala que improvisaria como cozinha para preparar seu café.
- Sabe Norman eu tenho observado que você tem feito um bom trabalho na biblioteca... Há quanto tempo já está aqui?
- Não sei ao certo talvez uns trinta ou quarenta anos.
- O tempo passa muito rápido mesmo.
Norman terminara de fazer o café, e este era muito conhecido na prisão, todos sem exceção tinha o hábito de começar o dia tomando seu cafezinho com chocolate.
- O senhor preferi com ou sem açúcar?
- Você não tem chocolate? Afinal de contas é o seu chamariz na biblioteca ou é apenas um serviço para visitas ilustres?
Norman sentiu certo sarcasmo nas palavras do capitão... Porém o que não estava bem delineado era a sua real presença na biblioteca pela manhã, para Norman nada estava errado. A biblioteca estava funcionando corretamente, os livros encontrava-se em ordem, ele não compreendia ao certo o que estava acontecendo ou o que realmente poderia está para acontecer. Os dois sentaram-se à mesa degustando um gole de café.
-  Sabe Norman! Quando você sair deste lixo eu sentirei muito a sua falta, aqui não e lugar para homens como você.

Dia seguinte

Já eram oitos horas da manhã quando Norman se preparava para sua saída, sentado numa cadeira e pensativo dentro da biblioteca ele precisava olhar pela última vez a cada espaço em que passara tantos anos de sua vida. Os livros, as cadeiras de leituras... Levantou-se e caminhou sentido a sala onde preparava o café, ao fundo poderia se ouvir um barulho da porta se abrindo, era o diretor, estava chegando à hora da partida.
- Bom dia Norman! O carro esta esperando por você.
- Estava tomado meu último café com chocolate.
- Todos nós vamos sentir saudades do seu café.
As portas de ferro de Beaumont abriram-se pontualmente às nove horas da manhã para sua saída, o sol estava radiante, Norman vestia um termo azul marinho cedido pelo diretor como uma forma de carinho por todos os anos vividos em Beaumont. 
O início de uma grande amizade
Todos os dias às sete horas da manhã o senhor Cross tomava seus café da manhã como de costume, torradas acompanhadas de queijo branco fresco e geléia de maçã, antes de ir a seu trabalho, num escritório de advocacia localizado no centro da cidade onde ele exercia o direito em operações tributarias.
-  Bom dia meu amor! Indagou sua esposa, ao vê-lo pela manhã na mesa do café, uma mulher loira de estatura mediana olhos claros.
- Bom dia querida... Você dormiu bem ontem à noite?
- Sim como um bebê.
- Mas você ainda é um bebê.
- Claro um bebê de quarenta e sete anos e alguns quilinhos a mais.
- Bem preciso ir tenho que visitar um cliente logo cedo, se eu atrasar certamente ele não ira esperar.
- Você falou com seu pai ontem à noite?
- Não por que! Ele precisa de algo?
- Seu pai está sempre precisando de algo meu querido.
- Eu ligo para ele depois... Preciso ir agora querida, tenha um bom dia.
    
Cross sempre chegava pontualmente ao seu escritório às oito horas da manhã.
- Bom dia senhor Cross!
Cross já estava cruzando a porta da sua sala quando se deu conta que não havia cumprimentado a senhora Lucy.
-  Bom dia senhora Lucy.
Pastas espalhadas por todos os lados da sala, desesperadamente ele tentou encontrar mo meio da bagunça a pasta que precisava, enquanto o telefone tocava na sala ao lado, foi preciso quatro toques para que a senhora Lucy atendesse a ligação.
 -  Cross consultoria tributaria! Bom dia.
- Alo! Quem esta falando?
- Olá senhor Jordan... Bom dia! Em que posso ajudá-lo?
Jordan Cross era o pai do senhor Cross Smith um ex-veterano da guerra aposentado pelo governo americano como ex-combatente do Vietnã, os mosteiros e as granadas haviam destruído parcialmente sua visão.
- Senhor Cross! Há uma ligação para o senhor.
- Estou muito ocupado agora... Você poderia anotar o recado e eu ligarei em seguida, por favor.
- Senhor Cross tenho que lhe dizer que é o senhor seu pai que está linha, mas acho que ele não vai desistir enquanto não atender, já ligou varias vezes.
Cross parou de procurar o que estava procurando, ficou pensativo por uns instantes e pediu para que ela transferisse a ligação para sua sala.
- Olá papai está tudo bem.
- Cross onde você estava?... Tanta demora em atender este telefone.
- Eu não demorei papai... Estava guardando algumas pastas.
- Cross! O inimigo não espera, ele simplesmente ataca... Quando ouvir o sinal corra não fique parado.
-  Não estamos mais na guerra papai. Estamos em pleno século XX.
- A vida é uma guerra Cross! Nunca se esqueça disto meu filho.
- Papai eu posso ligar mais tarde? Estou muito ocupado agora.
-  Não demore Cross preciso falar com você ainda hoje.
 - Tudo bem papai, eu prometo que votarei a ligar ainda hoje.

Cross acordou bem cedo para o trabalho, sentou-se à mesa para o café da manhã, sempre acompanhado de sua esposa como de costume um café da manhã com bastantes frutas e queijo branco fresco, serviu-se de um suco de laranja com adoçante sua esposa sentou-se em seguida. Cross estava pensativo mal tocou no queijo, logo ele que não deixava de degustar uma fatia de queijo iniciando o desjejum. Sua esposa o observa atentamente.

- Tudo bem, querido?
- Sim claro está tudo bem.
- Parece-me preocupado!

Cross levantou-se e foi em direção a sua esposa, abraçou-lhe pela costa e fortemente beijou seu rosto e retornou para a cadeira a qual estava sentado, agora de frente para ela, abriu um largo sorriso no rosto deixando transparecer toda a sua euforia, porém Mary não compreenderia o que estava acontecendo não imaginaria o que realmente teria deixado seu meu marido tão eufórico pela manhã.

-  Então você vai me dizer o que realmente aconteceu?...Ou vai ficar me olhando com esta cara de tonto.
- Acho que encontrei ontem um homem para fazer companhia ao papai!
- Então, era esta toda sua euforia?

No dia seguinte: Casa de Norman.
Passava do meio dia quando o telefone da casa de Norman toca insistentemente, o barulho do liquidificador não o deixava ouvir o toque do telefone, ele estava preparando um suco para se refrescar do calor intenso.

- Alô.
- Alô... Senhor Norman.
- Sim.
- Olá! Tudo bem com o senhor?
- sim claro... Mais quem está falando?
- Há desculpe-me sou eu Cross.